Realização, pedagogia, criação e exibição de audiovisual.

domingo, 4 de setembro de 2011

Homenagem aos 15 anos da Morte de Hayan Rúbia...

É isto aí galera, o novo filme do projeto cinema possível tem uma dinâmica completamente diferente. Uma personagem fictícia chamada Hayan Rúbia interpretada pela atriz mineira Mariana Jacques está ganhando forma num estilo de lançamento diferente. Pequenas simulações sobre a vida da autora intevém na realidade a partir de relações metapoéticas. Hoje, o V Festival de Cinema de Cabo Frio estará homenageando a personagem fictícia num evento real.





















As mostras de cinema de hoje, a partir das 19 horas serão alimentadas com cenas de filmes encontrados a partir de vasta investigação sobre a vida desta grande poeta mineira de ficção. Para entender a trama intrincada deste filme é preciso acompanhar o blog e os diversos factóides criados a partir de relações reais e imaginárias envolvendo nomes da poesia brasileira.

sábado, 20 de agosto de 2011

Cinema Possível no FESQ: De 23 a 27 de Agosto


FESQ, Festival de Esquetes de Cabo Frio, um dos mais importantes eventos de teatro da Região dos Lagos, RJ, terá uma mostra especial dos filmes do projeto Cinema Possível. Momento de consagração para nós que vamos ter uma grande profusão de público durante 5 dias consecutivos. Preparamos uma programação especial, mostrando de forma livre filmes que registram momentos e tendências do projeto, desde 2007.

VEJA A PROGRAMAÇÃO E DIVIRTA-SE

Dia 23
Haicais de Jiddu Saldanha – Fotos de Rodrigo Mexas
Duração: 00: 01:33
Urubu: Inspirado na Obra de Dalmo Saraiva
Duração: 00:01:30
Fluxus: Inspirado na obra de Cristiane Grando
Duração: 00:0 5:51

Dia 24
17 Haigas: Hicais de Jiddu Saldanha / Fotos de Alexandra Arakawa
Duração: 00:02:33
Mario Faustino por Artur Gomes
Duração: 00:02:13
Lugar X – Inspirado na obra de Caio Fernando Abreu
Duração: 00:03:05
Universo Caio. Inspirado na obra de Caio Fernando Abreu
Duração: 00:04:00

Dia 25
Palimpsesto: Jiddu Saldanha, Alexandra Arakawa e Rafael Mannheimer
Duração: 00:00:59’
BRISA – inspirado na obra de Artur Gomes, Jorge Ventura e Airton Ortis
Duração: 00:08:37

Dia 26
Filmes Promocionais sobre Hayan Rúbia, poeta que está sendo biografada pelo projeto Cinem Possível.
Teaser oficial
Duração: 00:01:30
Amigos na grama.
Duração: 00:01:13
Depoimento de José Facury
Duração: 00:00:45
Depoimento da Filha de Hayan Rúbia
Duração : 00:01:13
Revolução Mínima – Videoclipe oficial do filme.
Duração: 00:04:25
Simulação com a Dublê do filme
Duração: 00:00:45

Dia 27
Haicais de Jiddu e Chris Herrman fotos de Tchello d’Barros
Duração: 00:02:42
Sou 100 – Inspirado na obra de Carlos Gurgel
Duração: 00:02:59
Do Crepúsculo ao Outro Dia – Inspirado na obra de Jiddu Saldanha e Herbert Emanuel.
Duração: 00:05:51

sexta-feira, 19 de agosto de 2011



Num dia especial, como hoje, para nós, que fazemos teatro, dia do ator, faço minha as palavras da poeta Marisa Vieira, “Julio Adrião é o exemplo do grande ator brasileiro”. Concordo. Neste momento, o Brasil todo tem os olhos voltados para este grande artista que resume em seus gestos, sua humildade, o ato autêntico do verdadeiro artista em cena e na cena da vida.
O Portal Cinema Possível agradece e cumprimenta todos os atores e atrizes brasileiros e planetários.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Primeira a gente nunca esquece!

Foi uma experiência muito boa poder participar do III Cine Cultura, de Cabo Frio, uma mostra especialmente com os filmes do projeto Cinema Possível. Depois de uma deliciosa exposição com a Mala da Fama, objeto que configura aspectos visuais e conceituais da nossa abordagem estética, tivemos a a alegria de somar a tudo um debate com fortes características visionárias.
Ao final da festa/mostra/visualidade/debate/conceito, dava para ver o brilho no olhar de quem estava presente. Um momento muito raro onde o encontro entre a competência da produção somado ao entusiasmo da platéia, direcionou o olhar de todos para "um olhar", o do projeto Cinema Possível. 
Foi assim que pudemos mostrar o já clássico "Fluxus" inspirado na belíssima obra de Cristiane Grando e a exibição competente do filme "Brisa" que teve total atenção da platéia presente. Em seguida, dois belos cineclipes com músicas de Luciana Coló além do trailler de "Enigma - O Código de Hayan Rúbia". 
Graças à competente curadoria da produtora Lívia Diniz, foi mostrado em primeira mão a música tema cedida por Luciana Coló especialmente para o filme. Com a bela fotografia de André Amaral, mostramos um cineclipe que apontou para a beleza visual e o carinho estético com que a próxima obra do projeto Cinema Possível está sendo gestada para 2012.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

III CINE CULTURA - Mostra Cinema Possível.

Cine Cultura, novo evento de audiovisual de Cabo Frio oferece ao projeto Cinema Possível uma mostra pra lá de especial. Com direito a contação de filmes, narração de histórias, exibição dos filmes do projeto, fotos com a Mala da Fama e exposição, nos sentimos honrados em participar deste evento.



É isso aí galera da nossa e de outras tribos, venha prestigiar nosso projeto. Se você for de Cabo Frio ou estiver de passagem pela Cidade, se liga nessa. A arte do Cinema Pessoal, cada vez cavando mais o seu espaço, dialogando com quem está aberto ao diálogo e trocando figurinhas para o crescimento de todas as formas de arte.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Entrevista Exclusiva com Luciana Coló.


Ver Luciana Coló cantando é uma experiência única. A performance impecável a voz abrangente e profunda traz alegria e nos faz mergulhar na essência de uma letra, uma melodia e um pensar/existir musical.
Para o projeto Cinema Possível é um prazer, uma honra, ter criado dois "cine clipes possíveis" para duas de suas músicas: "Estrela Fria" e "Revolução Mínima". Esta última compõe a trilha sonora do primeiro filme coletivo do projeto Cinema Possível: "Enigma - O Codigo de Hayan Rúbia".


Jiddu Saldanha – Como foi que você começou a se apaixonar e se dedicar à música?
Luciana Coló - Na minha infância, minha mãe cantava e tocava acordeon, piano e violão, porque o pai dela, meu avô, acompanhava no violão, no bandolim e no cavaquinho a minha avó, que cantava lindamente; por sua vez, as irmãs e a mãe de meu avô tocavam piano, e o pai de meu avô compunha no piano... (Este piano, que vem lá do final do séc.XIX e as partituras colecionadas pelo meu bisavô estão por acaso aqui na minha casa... Nada é à toa, o acaso tem casa no Firmamento.)
A minha história anterior a essa eu não sei, provavelmente a minha (a nossa!) musicalidade venha das influências afro-luso-indígenas. E a musicalidade desses povos mais antigos venha do movimento-som do mundo que, provido de sentido, virou música... :
Tenho a impressão que o silêncio amoroso gerou o primeiro movimento com um som intrínseco a ele. A constância desse movimento foi dar na pulsação. Nesse ponto já havia o envolvimento, impossível retornar ao vácuo, ao vazio, à ausência, ao não-ser... E como nenhum envolvimento é sereno, a pulsação também quis movimentar-se e virou ritmo. A melodia foi uma dádiva, veio em seguida junto com a voz da mãe. E veio o apoderamento de tudo isso com a descoberta do corpo, da voz e de seus movimentos. E da junção de corpos, de vozes e movimentos surgiu a harmonia. Depois veio o verbo, o pensamento e o questionamento. O horizonte infinito sendo quase tocado e sendo também o limite. O amor possibilitou o vôo e a paixão aprisionou o corpo, ou não será o contrário, não sei.
 A música me liberta de minha condição finita, miserável, presa no espaço e no tempo do aqui e agora, me levando a lugares e experiências não alcançadas de outro modo, me levando a Deus, à comunhão com os seres, ao apoderamento do mundo, à construção da identidade, à sensação de totalidade, à vivência plena. Acho que o ovo nasceu muito antes da galinha...
Sou cantora, compositora-aprendiz, tenho três trabalhos em andamento: sambas de breque interpretados de modo teatral, composições autorais partindo de poemas de outros autores e letras que escrevi ao longo da vida, e um bloco que canta e toca Chico Buarque de Hollanda! O poeta, a criação e a malandragem compõem meu universo temático. Venho me apresentando principalmente em casas de show, centros culturais e projetos musicais no Rio de Janeiro. Estou em fase de gravação de meu primeiro CD autoral: "O Mar e seu Sol". Em 2005, fui classificada ao Prêmio Visa de melhor intérprete.

"A música foi dada aos homens para eles poderem compreender, nessa experiência imediata, que o presente é o ponto em que o tempo toca a eternidade."   (Elizabeth Sombart)

"Os astros tocam música"!    (José Miguel Wisnik)

"O silêncio é a voz do Universo. O som, a manifestação do silêncio. E        a música, sua expressão definitiva."   (Elizabeth Sombart)

JS – Como é a experiência de cantar no “Mulheres de Chico”, um grupo que está cada vez mais se afirmando no cenário musical carioca?
LC - Tem um lado terapêutico por ser um grupo grande,  só de mulheres. Acho que evoluí como ser-humano: aprendi a ouvir críticas sem me abalar tanto, a brigar pelo que acredito, a ter coragem  de dizer o que penso, e a ceder também.
Musicalmente aprendi e continuo aprendendo a cantar junto com a massa sonora da bateria, a interagir com essa pressão e diversidade rítmicas que toca diretamente o coração, que age sobre a nossa pulsação interna. É forte.
E também é muito bom cantar para platéias maiores, porque há uma interação, uma comunicação entre palco e platéia, entre música,intérprete e ouvinte, e a união faz a força, quanto mais gente, mais forte fica essa química... É mágico.

"Entre o amor e a morte, a arte!"
"Arte é a contribuição milionária de todos os erros." (Oswald de Andrade)

JS – Existe um estilo musical de sua preferência? Ou você canta de tudo? O que te instiga a chegar a um certo repertório?
LC - Existe! Amo a música popular brasileira da década de 60/70/80, acho que porque cresci ouvindo ela, além dela ser foda mesmo! Tom,Chico, os Tropicalistas, Novos Baianos, Secos e Molhados, Clube da Esquina, João Bosco, Paulinho da Viola, Ivan Lins, Rita Lee, as intérpretes maravilhosas: Elizete Cardoso, Clara Nunes, Elza Soares, Nara Leão,Gal Costa, Maria Bethânia, Elis Regina, e também o samba e o baião que veio antes da MPB e a influênciou fortemente: Noel,Cartola, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Caymmi, etc etc etc...e o que veio logo depois, a vanguarda paulista: Luiz Tatit e o Rumo, Premeditando o Breque, Língua de Trapo, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, José Miguel Wisnik, a nova geração de compositores do Rio de Janeiro: Raphael Gemal, Pedro Luís, Edu Krieger, Rodrigo Maranhão, Augusto Bapt, Adriana Manhani, Pedro Holanda, Marcelo Caldi...

O que me instiga a chegar a certo repertório é o mundo novo que ele me revela e fascina, mas também às vezes chego a ele através do acaso... Por exemplo, fui apresentada ao Samba de Breque pela minha primeira professora de canto,  Ângela Herz, e pelo Fred Paredes, cantor e bailarino, que diziam que eu era engraçada e tinha tudo a ver comigo aquele samba cheio de humor e malícia que conta as peripécias do malandro da década de 30/40, ainda com aquela esperteza ingênua do início do século (passado...). Eu amei, e canto desde o início de minha carreira até hoje. Aliás, tenho um show só composto de sambas de breque e de humor.
Gosto também de cantar a música que componho: miúda mas bela. Em geral, poemas que musico, ou letras que guardei da época da minha adolescência (quando escrevia muito) e as reinventei, transformando em música.

JS – O que você lê? O que você ouve? O que você tem descoberto ultimamente no teu universo artístico como fonte inspiradora da tua criação?
LC - Gosto de ler poemas, crônicas, pensamentos. As últimas coisas que li foram Clarice Lispector, Manoel de Barros e Emily Dickinson. E também o poeta Duda Teixeira. Adorei. Preciso ter tempo (interno, de criação) para musicar alguns dos poemas que li.
Continuo ouvindo os compositores e intérpretes que citei anteriormente e também novos compositores e intérpretes, principalmente através da Internet, este novo meio de comunicação tão amplo e democrático. Para citar alguns dos novos: Valéria Lobão, Aline Germani, Maíra Martins, Marianna Leporace, Mariana Baltar,Edu Kneip, Thiago Amud, Ceumar, tem mais... 

JS – Você gosta de fazer parcerias? Quais as parcerias ao longo da tua carreira que você gostaria de lembrar nesta entrevista?
LC - Acho que a minha principal parceria são com os poemas, quando um poema me toca de uma maneira apaixonada, tento musicá-lo, para que ele entre em mim, literalmente; não me basta lê-lo em silêncio, quero sentir através do poema, ser o poema, e só a voz nos possibilita essa vivência, ainda mais a cantada, que soa e ressoa, e pulsa como nossos corações...
"A música não é para ser ouvida, é ela que nos ouve."
(Murray Shaffer)
Mas também quero falar do meu parceiro, companheiro, pai de meus filhos, Raphael Gemal, um puta músico, compositor de letras, melodias e harmonias lindíssimas. Tenho algumas parcerias com ele.

JS – Quais são as perspectivas, planos e sonhos que você projeta para a sua carreira?
LC - Terminar de gravar o meu CD autoral e fazer um lindo show de lançamento;
Gravar também o meu CD de Sambas de Breque;
Participar do projeto de outros artistas com a minha música, por exemplo, do projeto da criação de um filme sobre uma poetisa fictícia liderado por Jiddu;
Conseguir patrocínio para viajar o mundo cantando,
Ou viajar o mundo cantando sem patrocínio mesmo...;
A minha música fluir como um rio e seus afluentes ou me deixar fluir através da música.

"Sonhar é acordar-se para dentro" (Mário Quintana)

"Ti a mim, me a ti, e tanto" (Guimarães Rosa)

"Metade de mim em você e metade de você em mim."
(saudação dos índios Kashinavá)


Luciana Coló por Luciana Coló :

Lúdica, leiga, leve, larga, luminosa, lunar
 Utópica, única, úmida, umbrática, ululante
  Cismada, carminada, colérica, comilona, colhedora
   Indisciplinada, intensa, instável, inventiva, inexplicável
    Apaixonada, alheia, ampla, antagônica, animal
     Niveladora, nostálgica, normal, nublada, novelesca
      Amanhecida, amendoada, aluada, alumiada, antitética

        Cármica, cósmica, compatível, complementar, complicada
     Ondulante, oscilante, onomatopéica, odienta
   Lenta, libertária, literária, longe
 Óbvia, onírica, original, oca, outonal


Obs: "Tudo é possível. Só eu impossível." (Drummond)



Sou uma cantora dramática e cômica.
As minhas influências foram Elis e Bethânia, que tem uma interpretação mais "teatral". Mas adoro os agudos, e a dramaticidade e lirismo contida nesses agudos, de Gal Costa, Tetê Espíndola e Ná Ozzetti, por exemplo.
Exemplos é que não faltam no Brasil e no mundo.
Mas a minha influência maior foi a de quatro compositores: Chico, Caetano, Gil e Milton. Através deles aprendi a amar a palavra poética e cada som provindo dessa poesia.
Canto poemas porque música é tudo junto: som e sentido, verbo e melodia.
Arte é saber de si e esquecer um pouco os outros para poder reencontrá-los de uma outra maneira, inesperada e boa, muito boa.
Escolhi cantar poemas por causa da carga dramática - neles, tudo o que se diz é essência, comunica fortemente; e também por causa da possibilidade de significações, sentidos ocultos, o mistério, o devir, a parceria autor-leitor.
Porque estudei teatro e tenho essa necessidade do falar dramático, e cômico, que é o outro lado da moeda...
Por isso canto também samba de breque, o samba que conta de modo caricato as peripécias do malandro, o anti-herói carioca, o arquétipo do brasileiro. E que tem espaço para a fala improvisada do personagem nos breques da música!
Porque no processo de formação do meu EU escrevi muito, pensei sobre o dentro das coisas, o sentido da vida, o sentimento que habita em nós, e hoje não escrevo mais, pelo menos não tanto quanto escrevia, e preciso resgatar o verbo em mim, resgatar o falar profundo das coisas para poder agir sobre elas.

"O tempo não existe. A música é a metáfora do tempo e o tempo é a metáfora da eternidade".





domingo, 24 de abril de 2011

Entrevista exclusiva com Aline Bernardi - RJ

Bailarina, atriz, professora de dança e amante das palavras; formada pela Escola Técnica de Dança Contemporânea Angel Vianna e graduanda em dança pela Faculdade Angel Vianna. Co-fundadora e interprete do DUAL. Co-fundadora e idealizadora do coletivo Encontro Sutis – grupos esses fomentadores e pesquisadores de contato improvisação. Integrante do Programa de Aprendizagem em Movimento Autêntico no Rio de Janeiro, coordenado por Soraya Jorge. Integrante do Coletivo aCidade com propostas de intervenções urbanas. Co-fundadora do DAM – Difusão de Arte em Movimento.
Participou de espetáculos teatrais e intervenções performáticas dirigidas por Ana Kfouri (“Senhora dos Afogados”); Renato Carrera (“O ultimo Narrador”), Cris Larin (“Inocência e Pânico” e “Trajetória de um corpo depois de Morto”), Ana Paula Bouzas, Giti Bond, Alberto Renault (“Orfeu”), Guto Macedo (performances do Jardim Humano), Antônio Araújo (“BR3”), Camila Fersi, Frederico Paredes (Singular-Privilégio Coletivo).

Cinema Possível – Como você começou a se dedicar ao teatro?

Aline Bernardi - Sinto que o teatro vai me chamando, sinto que fui e vou sendo chamada pelo teatro. Meu primeiro despertar foi ainda no colégio quando Jiddu Saldanha, ele que me entrevista agora, plantou a semente de lindas flores que sua “mala da fama” leva aos lugares. Minha trajetória sempre esteve numa vontade de buscar e pesquisar o “corpo em movimento”; e é esse corpo pulsante e desejoso em desvendar-se e desdobrar-se que segue constante, a árdua e prazerosa tarefa de estar presente em sua sensação. Depois vieram e estão vindo encontros com pessoas que vão me proporcionando experiências e a descoberta de mim mesma nos processos de vivencias teatrais, compartilhando o  p a l c o  (e a vida) com Ana Paula Bouzas, Suzana Saldanha, Guto Macedo, Soraya Jorge e sendo dirigida por Ana Kfouri, Renato Carrera e Cris Larin.

CP – Como a dança surgiu na tua vida artística?

AB - A dança “É” em mim, ou melhor, a vontade de me movimentar. Sou uma apaixonada e curiosa pelo que me move e como um corpo humano pode se mover. Essa paixão me faz querer expressar com o corpo e no corpo e foi essa mesma paixão que me fez chegar e conhecer a escola de base na formação do meu corpo – Angel Vianna – e que lá dentro me fez tocar na pesquisa corporal que verticalizo meus estudos que é a técnica do contato improvisação, tendo tido o privilegio de pesquisar com Guto Macedo (um dos precursores da técnica no rio de janeiro, mas de estar experienciando e aprendendo com muitos outros encontros, danças e professores do mundo inteiro. Atualmente sou co-fundadora e integrante participativa de um coletivo  (e n c o n t r o s    s u t i s) que fomenta e promove o movimento do contato improvisação no Brasil e na América Latina.
Outro encontro de vida (e  a r t e ) pra mim também aconteceu dentro da Angel  - com Soraya Jorge que trouxe o trabalho do movimento autentico pro Brasil e que me orienta e me permite estar em conexão mais direta com a minha sensação, que pra mim é o termômetro essencial das escolhas mais verdadeiras.
E muitos outros encontros na dança da vida interferem na minha dança pessoal: camilo vacalebre, nita little, márcia rubin, fred paredes, ana paula bouzas, renata versiani, helia borges, jorge albuquerque, nikola bahna, leandro floresta, bernardo scotti, guilherme frederico, helena veiga, giulio lage, duda freyre, gloria bernardi... e tantos muitos outros que são em mim, que vivem e suam memória na minha carne!!
E o sentimento de gratidão e o sentido de permanência vem e são sustentados através da sensação de conexão com o universo!!!

CP  – Como foi, para você, a experiência de realizar 2 filmes com o projeto Cinema Possível?

AB - O projeto cinema possivel muito me emociona, mesmo, pois é essa eterna busca e descoberta pelas possibilidades que muito me comove. Foi por demais vivo e prazeroso o dialogo com a direção e o olhar de Jiddu, sempre atento ao momento de poesia espontânea que os espaços (urbanos, da emoção do ator, do gesto que surge, da câmera em movimento) captam e são captados, da poesia que nasce no  e n t r e !
O primeiro convite foi pra fazer um filme em homenagem à Laika, a cachorrinha que foi enviada pro espaço, achei a idéia extremamente curiosa e foi bem divertida e inesperada a experiência!
Depois um convite irresistível, um filme inspirado no livro de poesia “noite americana” de ronaldo werneck, que muito me provocou e tive o prazer e a delicada e gentil companhia em cena do ator Carlos Gracie.
Foi e é uma delicia receber os convites de Jiddu!!! E admiro muito a potencialidade de fazer vivo e agregar tantos artistas no  
c i n e m a   p o s s i v e l !!!

CP – Você também curte literatura, gosta de escrever. Fale um pouco dessa busca.

AB - A escrita é uma necessidade que sinto vir de impulsos dos meus fluxos internos, uma necessidade de compor com palavras, de brincar com os fluxos que o pensamento pode ter a partir de cada emoção vivida, de aprender com a musicalidade que cada palavra tem, de descobrir pra onde cada palavra pede pra ir. Sinto que minha escrita é uma vontade de   tocar    a    i m a g i n u r i a   é  na   m u s i c a n d i d a d e  palavra  que nasce     e s p a n t a n e a m e n t e !!
Tem uma frase de manoel de barros que muito revela a minha relação com as palavras: “não sou da informática, sou da invencionática”!  grata manoel!!


“i(n)v e n t o

vento
que   sopra
l e n t o”

(a l i n e  b e r n a r d i)

CP -  Quem são os artistas que te influenciaram durante o teu processo de busca e conquista da vida artística.

AB - A cada pedaço de tempo que vivo tenho encontros e influencias do próprio momento que se apresenta, estou começando um trabalho meu que está sofrendo uma grande influencia da poesia de manoel de barros e da literatura de joão gilberto Noll; musicalmente estou conectada com a sonoridade de vital farias e xangai e com alguns cantos populares conjugado também a musicalidade de bjork e do grupo irlandês sigur ros – as artes plásticas e o cinema muito me inspiram também: o movimento do impressionismo de monet e o expressionismo de van gogh e o cinema de bernardo bertolucci e as imagens criadas pelo cineasta wong kar wai estão sendo ponto de partida (ou de chegada) – para que as outras portas possam ir se revelando!!!

CP – Que filmes e diretores você gostaria de indicar para os nossos leitores?

AB - bernardo bertolucci – céu que nos protege, assedio, ultimo tango em paris
carlos saura – tango
akira kurosawa – sonho
almodóvar – fale com ela, volver
woody allen – tudo pode dar certo, vicky cristina barcelona
wong kar wai – 2046, beijo roubado
antonioni – zabriskie point , identificação de uma mulher
ingmar bergman – persona , sonata de outono
documentários – estamira , pierre verger (com direção de gilberto gil)

e indico “todas as imagens que tocarem na  n a s c e n t e  do seu sorriso!!!”
"clique AQUI para ver a exposição de cartazes dos filmes recomendados por
Aline Bernardi."

CP – Quem é Aline Bernardi por Aline Bernardi.

AB - a l i n e  é em mim mesma uma busca constante, um corpo em constante metamorfose, desejosa de voar e pisar na terra ao mesmo tempo; é um querer sustentar a sensação de  e s t a r   a l i (n) a n d o ... é  a l i,  a q u i , a s s i m... perto do coração e dentro da coragem!

LINKS.

Delicadeza Perdida:
Veja o trailler oficial.



Saiba mais sobre o coletivo de Difusão de Arte do qual Aline Bernardi faz parte.

Confira também o filme "Noite Americana" do projeto Cinema Possível do qual Aline participou como atriz.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM LEO LOBOS

Leo Lobos é um poeta chileno muito amado pelos brasileiros. Nesta entrevista, feita em castelhano, esperamos mostrar um pouco deste artista tão querido para nós.

Fotografia: Sebastián Castillo -
en Peñalolén enero 2011.
Jiddu Saldanha – Relaté su experiencia con Brasil. ¿Lo que le tocó vivir y como eso sumó en su vida?

Leo Lobos - “Esta es una mañana/ del Brasil. Vivo adentro/ de un violento diamante, / toda la transparencia/ de la tierra/ se materializó/ sobre/ mi frente, / apenas si se mueve/ la bordada verdura, / el rumoroso cinto/ de la selva: / ancha es la claridad, como una nave/ del cielo, victoriosa” estos versos de Pablo Neruda, me hacen mucho sentido en relación a lo que me preguntas. Brasil es como todos nuestros países latinoamericanos una abstracción, la misma que solo las personas y su lengua logran hacer piel y espíritu, especialmente los brasileños poetas, artistas, escultores, músicos, arquitectos, diseñadores, editores, gestores culturales, periodistas con quienes he tenido la oportunidad de conversar y compartir experiencias creativas es decir, mucho más vida a la vida. Imposible no mencionar a Cristiane Grando, Jorge Bercht,  Bez Batti, Artur Gomes, Jiddu Saldanha, Ademir Bacca, Naiman, Tchello de Barros, Tanussi Cardoso, Helena Ortiz, Hebert Emanuel, Ademir Assunção, Tarso de Melo, Olga Bilenky, Antonio Miranda, Angélica Torres Lima, Ana Lúcia Vasconcellos, Lúcia Gönczy, Rubens Jardim, Claudio Daniel, a mis queridos amigos fallecidos José Luis Mora Fuentes, Hilda Hilst y Roberto Piva. Brasil me dio otra lengua, otro mundo de expresión, amistad, reconocimiento el vuelo, la trayectoria, el impulso, el tramo de aire recorrido en su ascenso.



Uma secreta forma 
"As palavras como o rio na areia
se enterram na areia"
Roberto Matta 
o automóvel está possuído pela força
dos animais que o habitam
como uma carruagem puxada por cavalos
sobre pedras úmidas de um passado verão
Rio de Janeiro aparece de repente como
a secreta forma que o Atlântico
deixa entrever de suas colinas de açúcar:
baleias à distância algo 
comunicam à nossa humanidade surda
e cegadas pelo sol preparam seu próximo vôo
caem uma vez mais como
o têm feito há séculos
caem e crescem nas profundezas
caem e crescem em seu líquido amniótico

           (Leo Lobos) 

Fotografía: Charlie Urrutia - en la
Corporación Cultural
de Peñalolén 2010.


JS – ¿Cómo es ser poeta y artista visual, la pintura y la poesía son prácticas separadas o juntas?

LL - La poesía es un desafío. Creo fundamental la vida que ilumina la palabra y la palabra que logra a la vez iluminar la vida a través de la poesía, y en la misma medida para mi la pintura, el dibujo, la fotografía, el video y cualquier otro medio de expresión creativa, que permita desarrollar niveles superiores de comunicación. Creo en la creación multimedia e interdisciplinaria, porque la mente es como un paracaídas, sólo funciona bien cuando esta abierta a todos los estímulos de nuestro entorno cultural. El arte es una fuerza que se exterioriza capaz de cambiar la vida. Un medio para dar intensidad a la vida, un medio para dar visibilidad a lo inexpresable en palabras.

JS – Las ultimas experiencias políticas de Chile parecen haber creado impacto em los intelectuales del país, que siente usted en relación a esto.
LL - Si los pueblos no se ilustran, si no se divulgan sus derechos, si cada hombre no conoce lo que puede, vale, debe; nuevas ilusiones sucederán a las antiguas y será tal vez nuestra suerte cambiar de tiranos, sin destruir la tiranía.
JS - No tenemos, en Brasil, mucha información sobre que período literario vive Chile actualmente. ¿Quiénes son los vanguardistas chilenos? ¿Hubo rupturas?

LL - Creo que estamos en un tiempo más bien de retaguardias artísticas aquí y en muchos lugares del mundo. La vanguardia en Chile del siglo XX tiene voces sumamente originales, dos poetas consagrados con el premio Nobel, y que forman un concierto armónico propio a pesar de la multitud de tendencias fragmentarias de nuestra época.

Uma visita ao zoológico fantasma 

"Livre da enfermidade, embora em meio à enfermidade"
Yagyu  Munenori
Tenho visto tanta merda de cão
nas ruas de Paris que devo
caminhar com cuidado à noite
é quando me parece então
escutar meninos e meninas fantasmas
rirem na fila de entrada do
zoológico que para eles ali se levanta:
um desfile de elefantes brancos cruza
a praça do Louvre fazendo
malabarismos com obras de arte e restos
de arqueologias extraterrestres, girafas
correm pelos Campos Elíseos comendo
as luzes natalinas que crescem em
suas árvores, baleias, delfins,
patos selvagens nadam pelo Sena
tragando turistas desprevenidos
que acendem flashes em seus narizes
leões copulam famintos
sobre os telhados como relíquias
de cristal de uma cidade iminente...
Hipopótamos ébrios se encalham em suas
ruas serpenteantes, em seus arcos triunfais,
em sua torre famosa...
Galeristas confusos
correm atrás de cavalos livres de
carrossel que levam gravada uma estrela
de ouro em seu flanco...
Bandos de aves tropicais cobrem a lua
de plumas de plástico que
ursos vestidos à la mode sopram
com ventiladores nucleares de
globos que intermitentes sobem
e descem por escadas invisíveis
que águias cegas trazem
de Nôtre-Dame...
Sinosnuvens carregados de
perfumes humanos chovem
no final desta noite sobre
o zoológico de plasma e tudo
retorna nos olhos de um gato
sabiamente
a ser luz solar
e Paris
é outro dia

(Leo Lobos)

A pintura de Leo Lobos nasce da poesia.
JS - ¿En qué contexto, exactamente, nace el poeta Leo Lobos?

LL - He sido un lector incansable desde mi infancia, mi encuentro con “escritores vivos” se ha producido en la Universidad, a la que ingresé cuando tenía 17 años a comienzos de 1980. He tenido entre mis compañeros de carrera y entrañables amigos, hasta el día de hoy, a los poetas Mario García, Sergio Rodríguez y Sergio Ojeda. Con ellos fuimos activos participes de los encuentros culturales realizados en la Universidad de La Serena en aquellos años, con los poetas Aristóteles España y Raúl Zurita, y encuentros académicos e informales con poetas como Braulio Arenas, Eduardo Llanos y Arturo Volantines. Desde muy niño he sido un lector perseverante, y desde la lectura a la escritura todo ha ido de manera natural, como del dibujo a la pintura, como de la palabra hablada a la escrita, desde el castellano a un idioma ajeno y desde ahí nuevamente a mi propia lengua.

JS – ¿Cuáles son sus lecturas, quién encantó tu universo poético?

LL - Entre mis autores podría mencionar a los poetas chilenos Pablo Neruda, Gabriela Mistral, Gonzalo Rojas, Enrique Lihn, Jorge Teillier, Eduardo Anguita y poetas cercanos a quienes leo y con quienes dialogo como por ejemplo José María Memet, Francisco Véjar y Milagro Haack. Entre los autores extranjeros que me han influido podría mencionar al poeta venezolano Rafael Cadenas, al mexicano Octavio Paz, al poeta francés René Char, a los brasileños Ferreira Gullar, Ledo Ivo, Roberto Piva y Décio Pignatari. La música y la pintura de creadores a quienes siento muy cercanos y que me han influido poderosamente como: Joan Miró, Roberto Matta, Miquel Barceló y Antoni Tápies. A los músicos Bach, Mozart, The Beatles, Tom Jobim y João Gilberto y su maravillosa música que me acompaña.

Buscando luzes na cidade luz 

À Paz carvajal e tão necessária Paz para este mundo e para o outro 
Busca que busca
a luz da palavra cruzando
rios e lagos
mares e montanhas internando-se em
cidades labirintos atuais bosques
submergidos de Santiago a Boston de
Nova Iorque a Paris, Paris, Paris e neste
bosque branco que, outra coisa, a mesma coisa
vejo-a parada aí
na rua
pensando talvez no eco
das águas entre a multidão e os autos velozes
buscando a luz, as luzes de uma pele
que ninguém poderá ferir enquanto perdidos
transeuntes
lhe perguntam
por onde
por que caminho
por que lugar se entra
se sai do espelho
de onde às vezes pensam escutar um triste Lewis
chorar por uma menina chamada
Alice
capturada por
ele
em
uma
história
paradoxal

(Leo Lobos)


fotografía: Emilio Arnés - 
en escultura de 
Niki De Saint Felle el año 1992.
JS – ¿Quién es Leo Lobos por Leo Lobos?

LL - Alguien que pretende descubrir la vida que ilumina la palabra. El poeta Vinicius de Moraes decía que no debemos hacer “ninguna concesión a la poesía no vivida”. Pues “La poesía es subversión del cuerpo”, nos dice el mexicano Octavio Paz. Goethe decía “los poemas que nacen de la nada no me interesan”. “Entonces un buen poema para mí es aquel que logra iluminar la vida vía verbo” dice el poeta brasileño Roberto Piva.




Parceria entre Leo Lobos e o projeto 
Cinema Possível






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